Camponês em palavras


Camponeses semeando e cultivando campos
fora de uma cidade amuralhada na Idade Média.
Fonte: Brittanica.com



No repertório linguístico das sociedades agrárias, existe sempre um número expressivo de palavras que se referem ao camponês. Através de algumas delas, ele é designado; através de outras, ele se autodefine. Desde remotas sociedades, textos literários, religiosos e políticos expressam o modo depreciativo pelo qual o poder visualizava esses anônimos sustentáculos dos banquetes e das guerras. Em Roma, paganus designava habitante dos campos, bem como o civil, em oposição à condição de soldado. Da palavra latina pagus, que tanto significa um território rural limitado por marcos como também a aldeia camponesa, ficou a palavra pago, que no sul do Brasil designa o campo onde se nasceu, o rincão de origem. Paganus, em latim, foi transmutado em payan, no francês, e peasant, no inglês, que significam exatamente camponês. Tomando sentido diverso do acima mencionado, paganus se tornou paisano, em português – o que não é militar. Mas também resultou em pagão, que quer dizer não-cristão – aquele que precisa ser convertido. Na Alemanha do século XI a Declinatio rústica tinha seis declinações diferentes para a palavra camponês: vilão, rústico, demônio, ladrão, bandido e saqueador; e, no plural, miseráveis, mendigos, mentirosos, vagabundos, escórias e infiéis [1].


Nota

[1] MOURA, Margarida Maria. Camponeses. São Paulo: Ática, 1986.

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